sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Diálogo.

L: Não é engraçado?
J: O quê?
L: Me é engraçado o fato de que mais uma vez a noite está chegando e o meu travesseiro não será você, então eu irei abraçá-lo e inventar a tua presença. Por que o que me esquenta à noite não pode ser você?
J: Pelo mesmo motivo que meu travesseiro não pode ser você.
L: Isso é confuso.
J: De uma forma boa ou ruim?
L: De um forma confusa. Mas é involuntário, sabe, do mesmo modo que você me vem à cabeça sempre que eu ouço uma música qualquer.
J: Me dá um aperto no peito te ver falando assim.
L: Relaxa, não fique tendo apertos, acho que não deve ser saudável.
J: É momentâneo. Não vai me matar.
L: Ei, não é engraçado?
J: O quê?
L: Quando as pessoas se gostam, basta separá-las pra que elas comecem a fazer tudo errado.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pseudoprofundidade.

O calor daquele 23 de novembro me deixava cego ou qualquer coisa parecida, a parte boa disso era não precisar olhar. Eu estava parado, encarando a tenda fechada na qual dali algumas horas a banda do clube de corações solitários do sargento pimenta tocaria. Eu era o convidado da noite para fazer malabarismos com facas em chamas durante a apresentação e recitaria a mesma poesia de sempre, falando sobre os perigos de um romance.

Eu era o poeta da pseudoprofundidade. Vivia das obviedades que falava, enchia a cabeça de palavras tão complexas que não sobrava espaço parar guardar as pessoas na memória. Sempre fui solitário e até então aquilo parecia completamente normal.

Eu era preso a outras pessoas. Não por querer, mas sim por ter uma família perfeita a ponto de querer saber sempre onde você está. Preocupação sempre gerou frustração e acho que isso está bem longe de mudar. Eu desisti de viver e não foi por vontade própria. Os outros me induziram a querer isso. A parte ruim em desistir da vida é ter de acordar todo dia sabendo que você ainda precisa viver.

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Estou procurando me manter vivo, atrás de alguém
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Tudo que eu sempre quis foi um romance capaz de levar o meu ar embora. Nunca fui muito fã de todo esse ar enchendo o meu pulmão de vida. Eu queria, por meia-hora que fosse, estar em apuros por viver algo intenso demais pra durar. E isso continua sendo o que sempre quis.

O talvez do nosso porém...

Em um relacionamento tudo deve andar em constante e em perfeito equilíbrio, mesmo que as vezes pareça impossível, mesmo que pareça algo de cinema ou livros isso é sim possível, acredite.

O erro está em como nos tornamos egoístas e esquecemos de tudo ao nosso redor.
Lembre-se que você não se torna a vida da pessoa em carne, mas sim em alma e desejo, então não acredite que a pessoa seja imparcial, ou até mesmo perfeita. Estamos cansados de saber que ninguém consegue, nem mesmo os super-heróis de quadrinhos, temos falhas, temos defeitos e sentimentos promíscuos.

Todos tomam a si, um termo que não devem ser o que vai fraquejar, quando isso deveria ser um modo de mostra caráter para o outro, um modo de mostrar o quando o ama, o quanto sente falta de seu cheiro, calor e amor por perto.

Acabamos por tornar tudo inverso a isso, e lidamos com uma situação ruim para ambos. Tal como não ligar por achar que é dever de um ou de outro. Não! Em um relacionamento até mesmo na vida, não há deveres concretos, ou até mesmo obrigações reais! Tudo parte de quem irá desistir primeiro, quando deveria ser quem irá valorizar primeiro!

Não que meninas irão perder sua feminilidade por isso, ou que homens irão deixar de ser mas machos por isso, depende de conceitos sempre? Se sente falta, vá até quem lhe trouxe! Se sente vontade, faça! Se acha que deve ligar, ligue! Não adianta esperar por ambos...

Medos todos nós temos, e é por isso que procuramos alguém para acabar com eles, só que, não lembramos que isso é uma faca de dois lados e acabamos nos machucando por isso, acredite que não vale esperar sempre por atitudes dos outros, quando talvez sejam os outros que esperem pelas as suas.

Meninos:
Não acreditem que meninas são sinceras sempre, assim como vocês elas não irão sempre lhe desejar, todos nós queremos espaço e tempo para sentirmos nossa liberdade.
Meninas esperam por meninos sinceros, esperam por uma pessoa que irá falar para elas que desejo não é amor e que o sentimento que você sente, é tão simples, que mesmo por tamanha simplicidade não seria fácil de explicar.

Meninas:
Não fiquem esperando que eles sempre te mandem mensagem ou apareçam na sua porta, ou até mesmo liguem falando que estão com saudades, pois as vezes eles também esperam isso de vocês, entendem?
Afinal, eles também são apenas seres humano e tem sentimentos! Então, as vezes é legal que vocês dêem o braço a torcer e sigam ao encontro deles também, pois todo mundo gosta de uma surpresa, certo? Ainda mais quando é de quem você ama…

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cansado.

Aprovando os termos de não ter vontade de nada.
Aprovando os termos de não querer mais nada...

De fato isso é um absurdo mental, sendo que a maioria dos seres humanos chegam a esse ponto.
Eu não quero mais preguiça, cansado de crianças fúteis que desperdiçam a vida pensando em sentimentos ruins.
Cansado de pessoas que acham a vida de "fakes" mais interessantes, cansado da minha própria vida...

Todos os meu sonhos, ilusões parecem tão sem motivos, tão sem crenças, por quais motivos eu não sei viver como vocês?

Eu não quero mais essa situação desconfortável, essa "vontade" que verdadeiramente só parece momentos, que por um simples segundo me revolta tantos escrúpulos sem fundamentos!

Estou em um transe de contato direto com o próprio subconsciente da minha alma, isso faz com que eu me ache e me perca a cada segundo, eu nunca sei quando estou certo, eu nunca sei quando estou errado. Sigo, sigo, e nunca pareço avançar! Cada palavra, cada olhar, parece tudo tão perturbador! Eu não sei!

Eu não quero mais! Eu não quero mais!
Não aguento nem mais um segundo assim!
Por uma carta de despedida desse poço de desilusões mentirosas e sofrimentos fajutos! Eu odeio muito vocês!

Pessoas são mais que isso, e de que vale eu mostra todos, TODOS, os meu sentimentos? Mostrar até o último timbre dos meu batimentos cardíacos para alguém? Que de valores apenas me esconderia?

EU NÃO AGUENTO MAIS! EU NÃO SUPORTO MAIS!

Suas falsidades só denigrem toda essa carne maldita e insana que provém de anos! De todos os anos!
Não espere por mim, eu não irei voltar nesse poço! EU NÃO IREI VOLTAR!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Relatos de um quarto esquizofrênico.

Relatos de um apartamento fechado

Ela está preparando o jantar e eu estou acordando. Não sei como contá-la que você existe e muito menos não sei como explicar por que acordei tão tarde já que nem eu mesmo sei como apaguei. Agora o espelho me conta que meses se passaram e estou torcendo para ter deixado de viver algumas coisas.
O som das cigarras me irrita o cérebro que há muito parece ter deixado de trabalhar ao meu favor. Eu não preciso descrever o que se passa pela minha cabeça, pois meus olhos já dizem a verdade. Eu estou enlouquecendo.

O que é a verdade senão tudo aquilo que agarramos com tanta convicção que, se discordada por alguém, nos faz perder a cabeça a ponto de cometer uma loucura, no mínimo, arrependível? Às vezes nossa verdade é ofuscada por nossas mentiras. Eu vivo o dilema de martelar um prego para depois desprendê-lo do lugar por achar que não combina com o ambiente. Eu vivo a mentira de achar que sou dependente dos meus arredores.

O que me tira da cabeça a vontade de morrer é poder tocar no piano as músicas que você mesma me ensinou. Eu sinto como se essa fosse a única coisa que ainda me resta a fazer. Como se fosse a única coisa capaz de manter você comigo. Eu não quero parar de tocar, pois tenho medo que você vá embora. Mas não quero ter você assim tão perto, assim tão longe.

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Desencarnei num corpo sem coragem
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Estou vivendo e te deixando morrer. Você é imaginária. E as piores imaginações são aquelas que podem ser tornar verdade e, por conta de nós mesmo, não se tornam.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

my lucky day.

Perder os dentes, ficar cego de um olho ou dos dois, perder alguns membros e me tornar inválido, ter cada neurônio meu derretido, cada pedaço do meu pâncreas diluído em líquido etílico, ou qualquer outra coisa do tipo. A minha lista de coisas a se perder era grande: dentes, visão, tato, entre outras; no entanto, eu decidi perder a vida.

Eu assisti um filme, de onde tirei inspiração. Me pergunto se um dia lerão meus textos, de onde tirarão um filme.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mundano.

Aqui dentro algo continua batendo
Consequência das 5 pílulas que tomei
Ali fora o mundo bate em outra sequência
Da forma que eu encomendei
O carteiro soca a porta
Ele tem pressa, tem hora
Anulou os compromissos pra entregar o meu caderno
Um papel novo para os sentimentos todos velhos
Sou moderno, sou eterno.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Circo Voador.

"Está na hora de acordar. Está na hora de ser feliz"
Acordo com a mesma história há anos e estou longe de ser feliz. O circo está lotado de gente infeliz. Na verdade, será possível encontrar por aqui alguém que esboce um sorriso? O do palhaço é pintado, os equilibristas esfriaram tanto a mente para aturarem a altura que ninguém mais atura a altura de suas arrogâncias e o nosso diretor só está pensando na verdinha, seja ela o dinheiro ou a erva de cada dia. Há anos o meu trabalho é alegrar os outros, mas a minha alegria está distante e não há previsão de chegada.

Eu costuma ter um avô e eu o chamava de família. Ele sempre foi o mais perto que eu cheguei de qualquer forma de afeto. Sempre que podia ele me levava ao circo para darmos boas risadas. Ele era um deprimido desde que perdera minha avó e minha mãe, mas eu continuava na mesma. Crianças nunca têm uma boa percepção das coisas, a minha noção de tempo sempre foi esquisita. Parecia que elas tinham saído para ir à padaria, todos os dias eu esperava que chegassem, mas não chegavam. Eu continuava normal, já que uma hora elas chegariam.

No meu aniversário de 7 anos eu não ganhei presente. À noite aconteceria o espetáculo do Dr Kite no Circo Voador e eu só queria um trocado para poder assistir. Meu avô estava apertado e todo o dinheiro da aposentadoria ele gastava com a nossa alimentação e com a bebida dele. Meu avô era álcoolatra, mas ainda sim me amava. Deu-me 5 reais para comprar uma pipoca e um abraço que talvez tenha sido o melhor de toda a minha vida. Ele cheirava a pinga, mas seus olhos exalavam amor. Lágrimas surgiram em seus olhos e ele me mandou para fora.

Quando eu cheguei em casa meu avô não estava lá, apenas a minha vizinha irritante com um papel na mão. Ela abriu o papel e disse em voz alta:
"Meu neto, você não merece um avô tão descuidado. Tenho pancreatite e estou em fase terminal. Espero que um dia você entenda o porquê de eu estar te deixando. É o melhor pra você. E se um dia lágrimas cairem dos seus olhos, faça delas o seu mar para navegar. Não pare de chorar nunca, meu querido, um homem sem sentimentos é um homem ferido"

Meu avô foi um grande homem, mas eu nunca entendi a sua última mensagem para mim. Àquela noite eu fugi de casa, aos prantos, e corri para o circo pois era o único lugar pr'onde eu sabia ir. Comecei a cantar as minhas músicas para sobreviver e as canto até hoje na esperança de que um novo amor me encontre.

Não, ninguém sabe como é abraçar uma pessoa pela última vez e não saber. Só eu. Só eu sei o que eu sinto.

Nem tudo na vida acontece com a gente deseja, mas na ficção podemos dar um jeito. Por isso resolvi terminar a minha história com palavras que nunca foram proferidas:
'Adeus vô, descanse em paz'